Data

Seja bem-vindo. Hoje é

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Dessalinização. Você ainda vai beber dessa água!

A procura cada vez maior por água potável num planeta onde um terço da população humana convive com a sede está tornando mais disseminado um método que antes parecia reservado apenas a navios de cruzeiro, embarcações militares e países do Oriente Médio ricos em petróleo: a dessalinização. De acordo com o relatório anual divulgado pela organização britânica Global Water Intelligence (GWI), ela responde pelo aumento recorde na produção de água doce no ano passado – 9,5 milhões de metros cúbicos por dia, um acréscimo que corresponde a cerca de 10% da capacidade de produção global.
Em primeiro lugar, um esclarecimento: a dessalinização envolve a remoção do sal que se encontra na água para torná-la potável, mas isso não significa que o método se restrinja à água do mar. Hoje em dia, ele é aplicado até no reaproveitamento de água de esgoto – é esse líquido tratado, depurado do sal e de outros minerais e elementos indesejáveis, que abastece, por exemplo, as torneiras dos moradores de Windhoek, a capital da desértica Namíbia.
A ideia da dessalinização é bem antiga. Há milhares de anos, marinheiros já usavam a evaporação solar para separar o sal da água do mar. Hoje em dia, as usinas empregam técnicas como destilação, osmose reversa, dessalinização térmica e congelamento. Todas elas têm um fator em comum: são caras e só recebem investimentos se não existem outras alternativas economicamente mais viáveis. Esse quadro, porém, está sendo mudado com o aumento de áreas no mundo que sofrem de escassez de água potável. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, prevê que, em 15 anos, cerca de 2 bilhões de pessoas viverão esse problema; nos Estados Unidos, a falta d’água deverá atingir 36 dos 50 Estados do país ainda em 2013. A demanda favorece o investimento em pesquisas e, com os resultados positivos obtidos por elas, os preços na área têm caído.

A NECESSIDADE PREMENTE DE CONSEGUIR ÁGUA PARA O CONSUMO JÁ NÃO FAZ DISTINÇÃO ENTRE CONTINENTES, PAÍSES OU VALORES DO PRODUTO INTERNO BRUTO

A necessidade premente de conseguir água já não faz distinção entre continentes, países ou valores do produto interno bruto. A lista dos seis maiores produtores de água dessalinizada – Arábia Saudita (onde o método responde por 70% da água potável consumida), Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, Espanha, Kuwait e Japão – ainda mostra que a dessalinização é associada majoritariamente a países ricos. Entre os recentes investidores em usinas de dessalinização, porém, a Austrália e as abastadas cidades de Londres e Dublin (a capital irlandesa) fazem companhia a Gana, Argélia e à metrópole indiana Chennai (ex- Madras). O Estado de Nevada, nos Estados Unidos, quer erguer uma dessas usinas no México e, em troca, ficar com uma parcela maior da água do Rio Colorado, que desemboca no país vizinho. No Brasil, além de uma usina pioneira em Fernando de Noronha, outras unidades estão sendo instaladas, sobretudo no Nordeste – o Programa Água Doce, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, já construiu 65 delas para populações de baixa renda do Semiárido, a maioria em Pernambuco, na Paraíba e no Rio Grande do Norte. E já se especula se esse será o caminho do Recife, cujas alternativas de abastecimento estão ficando cada vez mais restrita.

Fonte: Revista Planeta, Edição de Agosto de 2010.

Citado por:
Kergenilson de Paiva Menezes
Analista de Extensão Rural
Emater de Rafael Godeiro-RN

Nenhum comentário:

Postar um comentário